QUARTA APARIÇÃO TUA MÃE NÃO TE PODE ENGANAR...

 

"Sou eu em carne e osso. Toca as minhas mãos..."

 

8 de maio 1953

Durante a noite, estava rezando diante do santo Tabernáculo, mais com o coração que com os lábios, sempre atormentada pela duvida de ter sido uma iludida, encontrei‑me, como das outras vezes, diante da doce Mãe Maria, toda envolvida de luz.

Aproximou‑se e sorrindo dizia‑me:

‑ Minha pequena, coragem, não temas!

Tua Mãe não te pode enganar: sou eu, em carne e osso. Toca as minhas mãos: sou uma criatura humana como tu, ainda que venha do céu! Foi o Senhor quem me confiou esta missão, para o bem de todos os meus filhos que vivem na terra.

Fala, pois com aquele padre que desejas pedir como confessor; eu te permito! Verás, ele compreenderá que sou eu que falo contigo.

O meu adversário quer te atormentar e impedir que eu, como tua Mãe, conceda este dom para o bem e a salvação das almas. Fala sem medo e acredita na sua palavra.

‑ Perdoa, Mãe, as minhas duvidas! Sei que es tão boa, mas conhecendo a minha pobreza e pequenez, tenho receio de enganar‑me.

‑ Volto a repetir, não temas! Fica tranqüila. Abençôo-te.

A doce Mãe deixou no meu coração alegria e paz, também desta vez! (...).

 

 

PENSO QUE SEJA MESMO ELA, NOSSA SENHORA

 

20 de junho 1953

Em junho decidi pedir, por caridade, para confessar‑me com aquele padre de quem já falei.

Ele veio depois de poucos dias. Expus‑lhe, com simplicidade, o que me havia dito o anjo do Senhor, na primeira vez e também na segunda. O confessor, por uns instantes, ficou pensativo, perguntando‑me, em seguida:

‑ Sobre o que mentistes?

Então, tomei coragem e contei tudo o que a Mãe do céu me havia dito, o que Ela queria de mim, e a luta que tinha dentro de mim, durante três anos, pelo medo de estar "iludida".

Ele esteve pensando durante algum tempo. Fez-me algumas perguntas, depois disse‑me:

‑ A mim me parece que é mesmo Nossa Senhora que quer levar a termo o que Jesus pediu à Ir. Consolata Bertone. Peço‑te, em nome de Deus, fica tranqüila.

Tomei coragem e lhe perguntei:

‑ Aquele jovem que disse ser o anjo do Senhor, prometeu‑me que voltaria. Tenho tanto medo! Como devo comportar‑me?

Respondeu‑me:

‑ Escuta o que ele te diz, se vês que insiste em afirmar que mentistes, toma água benta e asperge‑o dizendo. "Em nome de Deus e da Virgem Santa retira‑te daqui". Depois me contarás como ele se comportou para certificar‑me se é Satanás ou o anjo do Senhor.

As palavras do padre deixaram‑me serena e tranqüila. Porém, esta serenidade logo foi perturbada por aquele que dizia ser o anjo do Senhor.

 

 

PELA TERCEIRA VEZ O ANJO DAS TREVAS

 

Agosto 1 953

Uma tarde, havia deitado um pouco e estava rezando. A um certo momento percebi um pequeno rumor na cela mas não fiz caso. Pouco depois, senti tocar‑me na testa. Fiquei impressionada. Estendi o braço para acender a luz, mas não a encontrei.

Fiquei apavorada. Enquanto estava incerta sobre o que fazer, ouvi a voz do jovem que havia visto nas duas vezes anteriores dizer‑me:

‑ Não temas, sou eu, o anjo do Senhor.

Então, olhei: era ele mesmo! Continuou dizendo-me:

‑ Não tenhas medo, venho para o teu bem. Por que não me destes ouvido? Sê boazinha, escuta o meu conselho, caso contrario te arrependerás, quando já será muito tarde. Continuando desta forma somente te enganas! Confessa que esta historia foi tudo ilusão e não penses mais nisto.

Enquanto estava titubeando e muito amedrontada, recordei‑me daquilo que o padre me havia dito. Queria pegar a água benta que tinha em cima da mesa de cabeceira, mas tinha medo. Então peguei o crucifixo que tinha sempre no peito e levantando‑o disse:

Em nome de Cristo e da Virgem Imaculada retira‑te daqui!

Fez‑me uma careta e com voz severa disse‑me:

‑ Maldita tu e quem te sugeriu isto; pagar‑me‑ás! Se não fosse "Ela" te estrangularia!

Ficou como uma brasa e fugiu deixando atrás de si uma esteira de fogo, que durou alguns minutos.

Deixo a sua imaginação, Padre da minha alma, o terror que experimentei.

Fui tomada de pavor, pensando que tudo o que havia acontecido entre a querida Mãe e eu, fosse, verdadeiramente, ilusão de minha parte. Que tormento! Já não conseguia dormir de medo. Então, decidi chamar novamente aquele padre e lhe contei tudo. Depois de ouvir‑me, disse‑me:

‑ Isto é raiva do demônio! Agora estou convencido de que foi a Virgem santa quem te falou para conceder aquele seu dom à humanidade, como penhor do seu amor de Mãe para a salvação das almas. Não tenhas medo!

‑ Padre, temo muito!

‑ Não, fica tranqüila! Asseguro‑te que a Virgem não permitirá que Satanás te faça algum mal. Não estás no Coração dela?

‑ Sim, Padre, ajude‑me o senhor, porque me sinto tão pequena e pobre.

E ele:

- Tem confiança e vive o abandono total nas mãos dela que te ama de coração e com ternura materna:

 

 

O ANJO DAS TREVAS TIRA A MASCARA

 

"Eis‑me, aqui estou: agora me pagarás!"

Novembro 1953

Naquele período um dos dormitórios estava em perigo de ceder, pelo afastamento das vigas, razão pela qual fomos forçadas a estarmos todas no outro dormitório. Concordamos dormir duas em cada cela, com um pequeno biombo separando as camas.

Ai aconteceu o pior. Naquela noite eu já estava deitada, como também a irmã que era minha vizinha e parecia que ela já estivesse dormindo.

Não sei porque, mas não conseguia dormir.

Depois de uma hora ouvi uma voz que me encheu de pavor, dizendo‑me:

‑ Eis‑me, estou aqui: agora me pagarás!

Abri os olhos e me encontrei diante daquele jovem que se dizia ser o anjo do Senhor. Só Deus sabe qual foi o pavor que experimentei!, só Deus o sabe. (...) Ele fazia menção de se aproximar da minha cama (...).

Não sei, caro Padre, se podes imaginar o que experimentei! Não podia fugir... Quanta angustia senti dentro de mim... Vi-me perdida e, sem querer, comecei a gritar por socorro.

A irmã acordou perguntando se me sentia mal. De repente aproximou‑se da minha cama, e vendo‑me tremer de medo, perguntou‑me:

‑ O que aconteceu?

Respondi‑lhe:

‑ Por favor, aspirja água benta, porque é o demônio! Reza para a Virgem Santa que afaste de mim este monstro, sinto‑me morrer!

A pobrezinha começou a fazer o sinal da cruz com água benta e a rezar a Ave Maria. Não sei explicar o que aconteceu. Só sei que aquele jovem se transformou em um monstro repugnante e fugiu urrando, fazendo tremer toda a cela.

Perguntando a irmã que dormia comigo, na mesma cela, se tinha visto alguma coisa, respondeu‑me:

‑ Não, porém percebi que acontecia alguma coisa que eu não sei explicar (...).

Perdoa‑me, Padre da minha alma, se estou lhe dizendo tudo isso. Faço‑me violência somente para obedecer (...).