Junho 1952
Neste período eu experimentava uma luta terrível.
As tentações eram meu alimento dia e noite. Só Deus
sabe: até o desespero! O demônio aproveitava para me atormentar de todas as
maneiras (...).
Parecia-me que para mim nada mais restava, senão o
inferno! (...).
Perdão Padre, se contei tudo o que aconteceu, mas fiz
por obediência: garanto‑lhe que preferiria morrer e levar tudo para o
segredo da sepultura.
Imagine o meu estado de alma! Em alguns momentos a
tentação era tão forte que parecia‑me estar perdida: e então, continuar
vivendo, para que? Sozinha, sozinha, sem uma palavra de ninguém.
Meu pobre coração gritava: "Jesus e Maria, onde
estão? Venham em meu auxilio!". Mas não obtinha resposta.
Agarrava‑me à fé gritando com o coração:
"Jesus, confio e espero em Ti, só porque acredito no teu amor por mim! Sei
que me amas, disso eu não duvido! Se queres, manda‑me para o inferno; sei
que o mereço por meus pecados. Porém sei também que a tua misericórdia é maior
que todos os pecados do mundo. Embora parecendo absurdo, se Tu me mandasses
para lá, no profundo do inferno, recorda-Te que Tu ficarás no Paraíso, mas sem
a tua Mãe, porque eu vivo no seu Imaculado Coração e não posso me separar
d'Ela! Ela também viria comigo!".
Com este ultimo grito feri o seu divino Coração que
com ternura disse‑me:
Minha pequena, quem está com minha Mãe, está Comigo.
Coragem, não temas, porque ponho à prova exatamente aqueles que me amam.
Tudo isso foi, para o meu pobre coração, como um raio
de luz, mas apenas momentâneo.
Uma
provação bem maior do que eu esperava
Novembro 1952
Um dia, enquanto estava na cela sozinha e me preparava
para repousar, inesperadamente, encontrei‑me diante de um jovem, de aproximadamente
quinze anos.
Apavorei‑me e fiz menção de fugir, mas ele se
colocou na porta dizendo‑me:
‑ Por que tanto medo? Sou o anjo do Senhor, vi
teu sofrimento e venho para consolar‑te. Tenho tanta pena de ti! Por que
tanto sofrimento? Pede ao Senhor que te liberte!
Respondi:
‑ Se o Senhor permite isto, eu não recuso o
sofrimento, porque quero que seja feita a vontade d'Ele!
Ele respondeu:
‑ Fica tranqüila, pedirei por ti. Voltarei
ainda.
Assim dizendo desapareceu como um relâmpago, sem que eu
percebesse por onde.