7 Dezembro 1950
Naqueles dias, o pensamento de dever falar daquilo que
havia acontecido entre mim e a querida Mãe do céu preocupava‑me um pouco.
Não sabia como iniciar a conversa!
No dia 07 de dezembro, enquanto estava rezando à
Virgem Maria, suplicando‑lhe que viesse em meu auxilio, falou‑me
com muita ternura:
‑ Minha pequena, fala com o ministro de Deus,
relata‑lhe tudo o que te comuniquei!
Será para a gloria de Deus, do meu Imaculado Coração e
para a salvação de todas as almas.
Não temas, verás que te compreendera: será o Espirito
de Deus quem falará por teu intermedio!
Fala com a simplicidade das crianças. Só assim poderás
cumprir a missão que te confiei.
‑ Sim, Mãe, mas ajuda‑me porque Tu sabes
que sou um pobre nada, uma pobre idiota. Imploro-Te, vem em meu socorro, a fim
de que eu não prejudique a tua obra.
‑ Fica serena, não temas, eu estou contigo.
Apresentei‑me, então, ao confessor e, retomando
o assunto varias vezes, disse‑lhe tudo o que tinha visto e ouvido da doce
e querida Mãe do Céu.
As minhas confissões anteriores sempre tinham sido
muito rápidas, mas, a partir disso foram mais demoradas, a fim de responder às
perguntas que o Padre me fazia sobre o assunto (...).
Enquanto isso o tempo passava. Quando o confessor
esteve ao par de tudo aquilo que a Virgem me havia pedido, disse‑me:
‑ Asseguro‑te, em nome de Deus, que tudo
isso não é ilusão de tua parte e nem arte do demônio, mas é um sinal da
predileção por ti, pequena alma, por parte do Imaculado Coração de Maria e
também de ternura materna por todos os seus filhos. Ela deseja que a
Consagração feita pela Igreja ao seu Coração, por desejo do Senhor Jesus, seja
vivida na pratica!
Depois disse‑me:
‑ Reza muito, quero pedir um sinal, não porque
não acredite que seja obra de Nossa Senhora, mas para estar melhor preparado
para realizar o que ela esta pedindo a esse seu indigno ministro.
Maio 1951
Um dia o
confessor disse‑me:
‑
Tive o sinal que pedi.
Ordenou‑me,
então, escrever tudo aquilo que lhe havia dito para ele poder agir.
Devia
escrever à noite, porque durante o dia estava ocupada com muitos trabalhos.
Escrevi
em dois cadernos, um para o confessor e outro para mim.
Setembro 1951
No dia de Nossa Senhora Menina entreguei ao confessor
o caderno contendo as informações do que havia acontecido entre mim e a Rainha
do céu.
Ele me disse:
‑ Agora vou começar a agir para cumprir cada
coisa!
Na próxima vez, porém, veio outro Padre da mesma
comunidade do confessor atender às confissões. Desde então não o vi, nem ouvi
mais nada sobre ele. Mais tarde, soube que havia conversado com o Delegado das
religiosas, o qual, por sua vez havia falado com a madre superiora.
As conseqüências foram inimagináveis: segundo o
parecer da madre eu estava sendo um pobre iludida e tudo o que havia acontecido
era obra do demônio...
Depois o Delegado falou a toda a comunidade, e me
impôs silêncio, ordenando‑me não falar mais sobre estas coisas. Em
seguida, designou um novo confessor para nossa comunidade, um sacerdote
diocesano, em lugar dos "religiosos".
O caderno que havia guardado para mim, desapareceu...
Abril 1952
Ao novo confessor, nomeado por minha causa, confessava
minhas faltas em poucos minutos e só.
Nas primeiras vezes tudo foi bem, depois começou a me
interrogar e perguntar‑me se não tinha nada a dizer‑lhe.
Respondia que não, que me era suficiente a absolvição dos
meus pecados, já que este era o objetivo da confissão.
Depois de muito tempo, começou a me atormentar
insistindo que deveria falar: "Fale, pode ser que você tenha razão...
".
Mas eu não podia falar porque estava proibida pelo
Delegado para as religiosas.